A comissão mista, formada por
deputados e senadores, que analisa a Medida Provisória (MP) nº 905 do Programa
Verde e Amarelo adiou para a próxima terça-feira (10) a votação do relatório do
deputado Christino Áureo (PP-RJ), que estava marcada para esta quarta-feira
(4).
Na segunda-feira (3), diversas
categorias participaram de audiência pública Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa do Senado sobre o tema.
“Fomos surpreendidos por uma
medida provisória que ataca diretamente o contrato de trabalho dos bancários e
atende os interesses dos bancos, que são os mais rentáveis do mundo”, disse a
presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT), Juvandia Moreira.
“Mesmo com a economia brasileira
parada, os cinco maiores bancos do país lucraram R$ 108 bilhões em 2019, 30,3%
a mais do que no ano anterior. Eles não precisam de uma medida provisória para
atender seus interesses e prejudicar os trabalhadores”, criticou a presidenta
da Contraf-CUT, ao lembrar que a medida provisória supostamente foi criada para
gerar empregos, mas que na verdade, vai precarizar o trabalho.
Pressão vai continuar
O presidente da CUT, Sérgio
Nobre, que foi a Brasília acompanhar a votação da MP, reforçou que o programa é
um desmonte de todos os direitos da classe trabalhadora conquistados ao longo
de 100 anos. Sérgio afirmou que a pressão continuará: “vamos lotar o Senado na
próxima terça-feira, dia 17, contra essa medida que retira e precariza direitos
da classe trabalhadora”.
Governo deixará de arrecadar
R$ 10,6 bi em cinco anos com Contrato Verde e Amarelo
A MP do Contrato Verde e Amarelo
pode impor ao país uma renúncia fiscal de cerca de R$ 10,6 bilhões ao longo de
cinco anos. O dado é um dos destaques de uma nota técnica divulgada na
segunda-feira (2) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese). O estudo se baseia em cálculos feitos pela Secretaria
da Receita Federal e outros órgãos.
De acordo com o economista do Dieese
Clóvis Scherer, autor da análise, cada “emprego verde e amarelo” representa R$
1.630,76 a menos de arrecadação por mês ao Estado, quase R$ 20 mil por ano.
O Dieese ressalta que a maior
parte do decréscimo, o equivalente a R$ 9,7 bilhões, irá impactar diretamente o
orçamento da União, incluindo, por exemplo, Previdência pública e
salário-educação. Também seria afetado o Sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Senac,
Senar, Senat, Sescoop e Sebrae), que teria uma perda orçamentária de R$ 866
milhões, por conta dos benefícios fiscais concedidos pelo governo Bolsonaro a
empresários que aderirem à modalidade em suas companhias.
A modalidade do “contrato de
trabalho verde e amarelo” prevista na MP 905 é destinada a contratos fixados
por tempo determinado e voltados à contratação de jovens com idade entre 18 e
29 anos, seja para atividades permanentes ou temporárias. Pelas regras, o
salário não pode ser maior que um salário mínimo e meio, o que corresponde a R$
1.567,50, pelos valores atuais.
Entre outras coisas, a MP
desonera o empregador da contribuição para o Regime Geral de Previdência Social
(RGPS), do salário-educação e das contribuições para o Sistema S e o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
A medida também reduz o depósito
do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de 8% para 2% e a multa
rescisória sobre o saldo dos depósitos no FGTS, que cai de 40% para 20%. Por
esse motivo, a MP vem sendo apelidada de “bolsa-patrão”.
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