Vestidos de vermelho, segurando diversas faixas e gritando palavras de ordem, centenas de trabalhadores e trabalhadoras, incluindo os bancários, lotaram o plenário 1 do Anexo II da Câmara dos Deputados, em Brasília, no início da tarde desta terça-feira (11), para protestarem contra o projeto de lei (PL) 4.330, de autoria do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que amplia a terceirização e torna a precarização das relações trabalhistas um grande negócio.
Depois da forte pressão das categorias, do Sindicato dos Bancários de Brasília, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e de demais entidades sindicais, os parlamentares decidiram adiar para 9 de julho a votação do substitutivo do deputado Artur Maia (PMDB-BA), relator da proposição.
"Foi uma grande vitória da mobilização dos trabalhadores", comemorou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "Quero antes de mais nada agradecer o trabalho de mobilização dos sindicatos de bancários, cuja atuação tanto nas suas bases quanto aqui no Congresso Nacional foi decisiva para evitar a votação desse nocivo projeto de lei."
Antes, pela manhã, em reunião da CUT e demais centrais sindicais com o governo federal, ficou acertado que o Executivo irá dialogar com representantes dos trabalhadores, parlamentares e empresários para construir uma mesa quadripartite de negociação capaz de definir uma proposta consensual ao PL da terceirização.
Após a deliberação de alguns itens da pauta da reunião ordinária da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC), o presidente da comissão, deputado Décio Lima (PT-SC), anunciou o acordo e o adiamento da votação da proposição.
Retrocesso
Na avaliação do Sindicato dos Bancários de Brasília, a proposta do deputado Sandro Mabel representa um imenso retrocesso, ao permitir a terceirização na atividade-fim da empresa. “É importante não baixar a guarda e continuar nossa mobilização. Por isso, é essencial que os bancários e bancárias enviem manifestação contrária ao projeto de lei aos deputados integrantes da CCJC”, afirmou o diretor do Sindicato Eduardo Araújo.
“Nós temos uma negociação com o governo num prazo semelhante à volta do PL para a Comissão e isso nos dá a chance de dialogar com os trabalhadores e fortalecer nossa posição. Daqui um mês, teremos construído uma proposta quadripartite e faremos com que nossa visão saia vitoriosa”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, que também participou da reunião da CCJC.
Intensificar a mobilização
A Contraf-CUT, a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comercio e Serviços (Contracs-CUT) e a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) estão propondo uma reunião com todo o Macrossetor de Serviços e Logística da CUT (que além de bancários e comerciários reúne vigilantes e trabalhadores de transportes terrestre e aéreo, entre outros) na próxima semana com o objetivo de discutir um calendário de mobilização envolvendo as várias categorias de trabalhadores.
Rodrigo Couto - Seeb-Brasília
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