O funcionário do Santander, Igor Henrique Batista Alves da Silva, de 22 anos, e a vigilante Verônica Soares (foto), de 24, foram mortos nesta quarta-feira (21), por volta das 15h30, durante um assalto ao posto de atendimento do Santander, localizado na área externa, próximo ao restaurante e o estacionamento da Usina Nuclear Angra 3, em Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro.
O bancário era de Volta Redonda. Ele passava os fins de semana na casa da família, no bairro Minerlândia, enquanto nos dias úteis residia numa república na cidade do litoral carioca.
Igor tinha sido contratado pelo banco em janeiro deste ano. Ele foi morto com um tiro no peito depois que os bandidos ordenaram que o cofre fosse aberto. A polícia acredita que os assaltantes tenham se irritado com a demora, pois o sistema eletrônico aciona um temporizador, que só efetiva a abertura cerca de dez minutos depois de digitada a senha.
O trabalhador do Santander - ele não era gerente, como inicialmente divulgado - ficava no posto apenas em companhia de um vigilante de uma empresa contratada, que nesta quarta-feira era Verônica, também morta pelos bandidos. Ela foi amarrada com uma corda e levou um tiro na cabeça.
Sindicato dos Bancários denuncia insegurança
O presidente do Sindicato dos Bancários de Angra dos Reis, Rogério Salvador, afirmou que os dois foram mortos perto um do outro, próximos do cofre. Ele antecipou que o posto não abrirá nesta quinta-feira. "Não há condições de segurança", disse.
Um operário denunciou que há 15 dias foi roubado um malote contendo dinheiro. Rogério confirmou que o posto foi assaltado recentemente. "Quando ocorreu o assalto anterior comunicamos ao Santander as péssimas condições de segurança. A porta não é giratória nem tem detector de metais. A unidade é vulnerável, fica do lado de fora de Angra 3. Então é uma área de livre acesso. Os assaltantes entraram sem dificuldades e mataram os dois", lamentou o dirigente sindical.
Cadê a proteção da vida?
O secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, ficou triste com as mortes e indignado com a total insegurança do estabelecimento. "Além de falta de porta giratória e câmeras internas e externas, o posto só tinha uma vigilante", criticou.
A Contraf-CUT e a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) defendem no mínimo dois vigilantes para agências e postos, assim como os mesmos equipamentos de prevenção, pois ambos estão expostos ao mesmo risco de assaltos. "Esperamos que o projeto de estatuto de segurança privada, em fase final de elaboração no Ministério da Justiça, não faça distinção e garanta a mesma segurança para todos os estabelecimentos financeiros", destacou Ademir.
"Também cobramos medidas de segurança dos bancos na mesa de negociações da Campanha Nacional dos Bancários, a fim de proteger a vida de trabalhadores, clientes e usuários", enfatizou.
"Quantos trabalhadores e clientes ainda serão mortos até que os bancos, como o Santander, invistam mais em segurança e coloquem a vida das pessoas em primeiro lugar?", questionou o dirigente da Contraf-CUT.
O delegado de Angra dos Reis, Francisco Benitez, disse que a investigação dos crimes ficará a cargo de DRF (Delegacia de Roubos e Furtos). Segundo ele, a falta de câmeras de segurança dificulta a polícia até mesmo ter ideia de quantos bandidos participaram da ação.
Santander lamenta
Em nota, a assessoria de comunicação do Santander lamentou o ocorrido, mas não deu detalhes da ação criminosa. "O Santander lamenta profundamente o ocorrido e informa que está prestando toda a assistência às famílias dos funcionários. O banco acrescenta que está colaborando com as investigações policiais", diz o comunicado.
A assessoria de comunicação da Eletronuclear também divulgou nota, salientando que o crime ocorreu fora do perímetro de controle nuclear. "A Eletronuclear lamenta profundamente o falecimento dos dois funcionários do banco, que tão bem atendiam aos empregados da empresa sediados em Angra dos Reis".
Sindicato dos Vigilantes de Duque de Caxias
O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Duque de Caxias, Carlos Gil, lamentou a morte da companheira vigilante e também do bancário. Gil denunciou a falta de segurança em muitas agências bancários e lembrou que os sindicatos tem o dever de fiscalizar o plano de segurança e denunciar as irregularidades à Polícia Federal, porém afirma que nem sempre as denúncias são apuradas o que compromete a segurança dos funcionários e também da população nos bancos.
Fonte: Contraf-CUT com G1 e Fco Regional