Após receber na tarde desta
quinta-feira (30), em Brasília, a pesquisa nacional de mortes em assaltos
envolvendo bancos, que apontou 65 assassinatos em 2013, a secretária nacional
de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça, Regina Miki, anunciou
que levará ao ministro José Eduardo Cardozo a proposta de uma portaria de
criação de um grupo de trabalho, a ser integrado pela Contraf-CUT, Confederação
Nacional dos Vigilantes (CNTV) e Febraban, para discutir medidas para evitar
novas mortes, especialmente de clientes em crimes de "saidinha de
banco", que representam 55% das vítimas.
O grupo de trabalho deverá ser
constituído nas próximas semanas e, segundo Regina, "em duas ou três
reuniões" será possível definir propostas que sejam eficazes para proteger
a vida das pessoas.
A pesquisa, elaborada pela
Contraf-CUT e CNTV com base em notícias da imprensa e apoio técnico do Dieese,
apontou um crescimento de 14% nas mortes em relação ao ano de 2012. As
principais ocorrências (49%) foram a "saidinha de banco", que
provocou 32 mortes, o assalto a correspondentes bancários (22%), que matou 14
pessoas, e o assalto a agências (12%), que tirou a vida de 8 pessoas. Houve
também mortes em assaltos a caixas eletrônicos (6), abastecimento de caixas
eletrônicos (3) e assaltos a postos de atendimento (2).
Mais uma vez, as maiores vítimas
(55%) foram os clientes (36), seguidos de vigilantes (10), transeuntes (5) e
policiais (7). Dois bancários também foram mortos, além de outras cinco
pessoas, vítimas sobretudo de balas perdidas em tiroteios.
"Avaliamos como positiva a
construção de uma portaria do Ministério da Justiça para definir medidas
emergenciais, especialmente para combater a 'saidinha de banco', porque não
podemos ficar esperando a divulgação da próxima pesquisa com novas mortes. Se
nada foi feito, os números seguirão aumentando. A vida precisa ser colocada em
primeiro lugar", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
A Contraf-CUT e a CNTV relataram
a implantação de medidas eficientes em várias cidades do país, por força de
leis municipais a partir da mobilização de sindicatos de bancários e
vigilantes. "A instalação de portas giratórias com detectores de metais e
biombos entre a bateria de caixas e as filas reduziu drasticamente os casos de
'saidinha de banco' e em capitais, como João Pessoa, Recife, Belo Horizonte e
Belém, não houve notícia de mortes em 2013", destacou José Boaventura,
presidente da CNTV.
Outra medida defendida por
bancários e vigilantes é a isenção de tarifas de transferência de recursos
(DOC, TED), como forma de reduzir a circulação de dinheiro na praça.
"Muitos clientes sacam valores elevados somente para não pagar as altas
tarifas dos bancos e viram alvos de assaltantes cada vez mais violentos",
defende Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador
do Coletivo Nacional de Segurança Bancária,
Também participaram da audiência
José Avelino e Conceição de Maria Costa, presidente e diretora da Fetec Centro
Norte, respectivamente, bem como Maurício Sponton Rasi e Guilherme Leonardi,
assessores da Senasp.
Fonte: Contraf-CUT com CNTV
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